Ocupas
A propósito do relato de mais um acto ilegal de ocupação de um espaço público na cidade do Porto por parte de um grupelho anarquista com vocação para a "dinamização escolar", é com uma certa perplexidade que uma vez mais se confirma a inclinação da redacção do Porto do jornal Público para a sobrevalorização das notícias sobre este tipo de ocorrência.
Lembram-se dos rivolicionários e do apoio jornalístico que então lhes foi concedido? Por conseguinte, essa atenção não é para se demarcar da acção juridicamente ilegítima e zurzir os delinquentes. Bem pelo contrário. A postura do jornal, ignorando o necessário respeito da lei numa democracia, oscila inalteravelmente entre a simpatia e a cumplicidade com os ocupantes. Ao invés, uma evidente acrimónia e censura, ressalta nas entrelinhas ou é claramente reservada à autoridade.
Ou seja, já não respeitando sequer o princípio da democracia directa, envolvendo no mínimo uma larga assembleia de cidadãos em reunião deliberativa, é a democracia ocupativa que o jornal parece querer substituir à democracia representativa que vamos tendo.
Ora se esta é já um lamaçal de arbitrariedades, jogos escuros, prepotência, o que seria de uma cidade, de um país ou qualquer sociedade sujeita ao impulso de um demagogo que arrebanhe atrás de si três ou quatro "educadores" e se aproprie de uma escola abandonada, andar, jardim, quartel, mosteiro, prisão, cinema, taberna, igreja, salão de chá, linha férrea, átrio de aeroporto, redacção de um jornal,e os faça seus?