Escrito por Helena Matos:
" Um relatório realizado em França entre 2015 e 2017 analisou em detalhe consequências naquele país e no mundo do chamado direito à criança. No caso das barrigas de aluguer as conclusões são aterrorizadoras: mães jovens e pobres aceitam contratos em que durante nove meses são tratadas como escravas. Os encomendadores impõem um modo de vida, definem-lhe as deslocações e o modo de vida: se podem ou não pintar as unhas, o regime alimentar – ai os especiais cuidados com a alimentação biológica! – proíbem-lhes usar micro-ondas ou ir a funerais… No caso da mãe estar na Índia ela passará muito provavelmente a gravidez encerrada na clínica. Se estiver nos EUA será objecto de vários controlos para se verificar se tudo corre como o contratado.
Nessa espécie de “patercentrismo” que se abateu sobre este debate centra-se a discussão na identidade de quem encomenda/paga a criança – se é solteiro, casado, gay, se está feliz com os bebés […] e desvaloriza-se a criança em si mesma e a sua mãe ... tratadas como uma mercadoria."
P. S. O jogador de futebol multimilionário, muito conhecido entre nós e que todos admiramos enquanto desportista, ofende, de facto, gravemente os direitos das mães dos seus filhos genéticos, nascidos laboratorialmente e de mãe "oficialmente" incógnita. Incógnita por contrato notarial, e às quais pagou principescamente para alienarem o direito e instinto de maternidade. Negando aliás em simultâneo às crianças, que tanto parece estimar, o direito a possuirem a identidade e a conhecerem-conviverem com a mãe biológica.Isto, a exemplo do próprio doador do material genético e assumido pai social, o qual, por sua vez, tanto ama a própria mãe biológica.
Que aberração psíquica é esta, ou maquiavélica solução financeira, que não inquieta aparentemente senão dois ou três portugueses e deixa em silêncio e paz muitos milhões de outros?