Populismo, povo e democracia
O que diz Chantal Mouffe, filósofa dos sistemas políticos, ao jornal Público:
" Há uma dimensão populista no fascismo, sem dúvida. Hitler e Mussolini eram populistas. E por causa da experiência dos fascismos, as forças de esquerda têm uma atitude de distância em relação a tudo o que tem que ver com a dimensão afectiva da política, a mobilização das paixões, a cristalização dos afectos, tudo aquilo que, a meu ver, é absolutamente central para a política. É verdade que Hitler funciona como um argumento negativo, mas isso não é razão para deixar o campo dos afectos disponível para as forças da direita. Cito muitas vezes Espinosa, que dizia que a única maneira de lutar contra um afecto é construir outro afecto mais forte. O populismo deve significar a mobilização dos afectos do povo no sentido de uma radicalização da democracia. Defendo um reformismo radical, que passa por uma crítica imanente das nossas sociedades.".