Marcelo na Sierra Maestra

Que aí pelos idos de sessenta do passado século, um MRS de boina e barba, houvesse visitado Havana ou a ilha dos Pinos, armado em pioneiro ou membro das juventudes castristas, pronto a alinhar na çafra açucareira, ou quiçá, como aguerrido régis do areeiro pronto a envolver~se em mil vietnames, a viagem a Cuba do presidente com visita ao "líder máximo"  não pareceria hoje uma insólita iniciativa. Nem mesmo da parte de alguém que crescera à sombra académico-política de um outro Marcelo e fruíra na juventude as mais altas benesses do regime que deu guarida ao fugitivo Fulgêncio Baptista, o derrotado ditador de Cuba.

Mas depois de se haverem acumulado irrefutáveis provas dos fusilamentos, no amanhecer da revolução, de centenas de prisioneiros do regime deposto após uma comédia de julgamento improvisado, visitar Fidel, agora apenas uma relíquia e símbolo das iníquas violências perpetradas em nome de uma terrível ditadura populista, não deixa de surpreender. Isto quando no plano diplomático e dos interesses portugueses a supérflua visita não possui qualquer justificação. Azougadas nostalgias, remorsos, tardias pulsões malrauxsianas do nosso presidente?