Sócrates, o sistema solar e António Costa
O notável cronista Viriato Soromenho-Marques, um intelectual da área de um equilibrado socialismo académico e antigo líder e agora teórico do movimento ambientalista, em artigo de Março de 2015, publicado no DN, intitulado "Encostados ao passado" - artigo em que chamusca a imagem de Passos Coelho a propósito do caso Tecnoforma -, seguidamente, com uma lógica impecável atira a matar sobre o Sr. José Sócrates, o antigo 1º ministro e post-presidiário, ora tão acarinhado por António Costa. E anota VSM sem ambiguidades e rodeios:
"Escrever sobre política nos dias que correm é correr o risco permanente da náusea sucessiva. Numa altura em que Portugal vive a maior crise existencial desde as invasões francesas (é uma tese que mantenho desde 2011), os dirigentes que temos à nossa frente confirmam o lamento de Camões, em Os Lusíadas, acerca dos reis fracos que tornam fraca a forte gente [...] Se alargarmos o olhar, temos o anterior [agora anterior-anterior] primeiro-ministro, preso preventivamente em Évora, mergulhado numa extravagante estória da mais generosa amizade que o sistema solar já conheceu, com empréstimos milionários e um exílio luxuoso, aparentemente, "acima das suas possibilidades". Em vez de deixar a justiça seguir o seu curso, multiplica-se em declarações, instigando manifestações e comentários que visam criar o descrédito sobre o poder judicial no seu conjunto (invertendo o exemplo do grande filósofo grego, cujo nome ostenta, que preferiu sofrer a pena máxima a desrespeitar as leis de Atenas). Portugal precisaria de estadistas visionários, concentrados em desbravar o nosso futuro coletivo. Em vez disso, temos líderes que vivem encostados ao armário do seu passado. Tentando que de lá não saltem esqueletos indesejáveis"