Ofende os crentes, milhões e milhões, mas depois acobarda-se
Dolors Miquel: “No he querido ofender a nadie, mi poema es un canto a la maternidad”, título do jornal de Barcelona, A Vanguardia.
Desrespeitoso, fascista e totalitário, é assim o escrito. E mais ainda ao ser proclamado nos Paços do concelho da cidade de A. Gaudí. Encenado numa sociedade do século XXI que se diz democrática e na qual a liberdade religiosa é um direito constitucionalmente consagrado.
A megera alcaldesa, ao permitir tão grave ofensa num espaço onde todos os cidadãos da cidade, os barceloneses, simbolicamente se reconhecem numa convergente intersubjectividade cidadã, quebra pois, de forma clamorosa, a sua legitimidade política de representante máximo da comunidade.
É que o acto não apenas ofendeu os católicos e demais crentes. Ofendeu, decerto, muitos milhares de eleitores que nela confiaram o voto, católicos e de outras confissões. E até inúmeros ateus que, legitimamente, argumentam, com senso, sensatez e civilidade, os ideais da transcendência. Mas sabendo respeitar a liberdade dos outros e respeitar-lhes as suas crenças.
E mais ainda, como poderá ela, a sr.ª Colau, acompanhar agora os visitantes ilustres que chegam ao seu município, ansiosos por prestar homenagem ao grande arquitecto que sonhou e lançou para os céus as flechas sumptuosas das torres e fachadas da Sagrada Família, a mais emocionante igreja do planeta?
Gaudí, o fervoroso crente e o devoto que mais alto, em pedra, azulejo e cal - na cidade que um dia alcançará a posição a que aspira a nação catalã -, proclamou a sua fé e demonstrou um ímpar génio de artista!
E quantas vezes terá ele, esse humílimo cristão e fantástico construtor de catedrais, pronunciado, a alma em transe, a imaginação em chamas, a magnífica oração que a medíocre letrista chocarreiramente profanou com o soez aplauso da ignara alcaldesa?