CR7, galáxia ...

Valha-nos Deus. Os cientistas portugueses que desencantaram nos confins do Universo a galáxia mais brilhante e procurada - as brasas primordiais do Grande Estouro ainda frementes e escaldantes -, inscreveram os seus nomes no selecto firmamento da astronomia contemporânea. Se a competência técnica que demonstraram deixa exultantes os seus compatriotas, já a sua cultura emocional, voando cá muito por baixo, rasante pelos relvados e os big brothers rascas, deixa-nos a todos de rastos, com as mãos a cobrir os rostos de vergonha. 

Não é que a única ideia que lhes brotou das potentes e argutas meninges - para identificarem no mapa dos céus esse extraordinário objecto celeste e demarcarem o seu ínclito feito -, foi eleger a sigla publicitária de um jovem jogador da bola? Indivíduo a merecer grandes encómios, é certo, na esfera da sua competência, pelo brio e desportivas façanhas que a todos nos põem eufóricos a vogar na estratosfera dos nossos cinzentos quotidianos.

O mesmo CR, aliás, que, um dia, depois da estátua opulenta que há poucos meses, sem recato algum inaugurou na sua ilha jardinesca, lá terá ainda, no mais alto pico para repouso definitivo, o mais exclusivo e grandioso Panteão que a humanidade alguma vez fez erigir.

Oh céus, a estela mais sublime do universo conhecido, onde os nomes de um Pitágoras, de um Campanella, de um Newton ou de Einstein, entre outros astros do pensamento, assentaria na perfeição, eis como fica profanada por um cachecol comprado a saldo às portas do estádio Santiago Bernabeu...