Da troika, da austeridade e dos setenta

Claro que Portugal, é sabido - desde que as primeiras avaliações da totalidade da colossal, estratosférica dívida acumulada pelos últimos governos, sobretudo com o que Guterres geriu e, à cabeça, com a infame e esbanjadora governação socratista -, não possui arcaboiço, força anímica, ou estrutura económica que lhe permita cumprir as suas obrigações financeiras.

Todos sabem isto mas nem todos podem ou querem dizê-lo. E quem o diz também não sabe como pode a nação exangue seguir em frente. Limitando-se a alimentar esperanças quanto aos bons sentimentos dos nossos credores, e com pedincha e ameaças sem deixar de lhes suscitar a irritação.

Neste quadro,  o "manifesto dos 70", é no essencial uma manifestação de natureza eleiçoeira. É que, na larga e generosa mesa, onde miraculosamente se sentaram Adriano Moreira e Francisco Louçã entre uma variegada falange de políticos - de Cravinho a Bagão, do presidente da CIP a tutti quantti-, o que os principais promotores e outros subscritores do mesmo têm em vista é marcar posição para o governo de união nacional que está para vir. Acaso, é claro, António J. Seguro não venha a ser deglutido pelos adversários internos do PS. Apesar de permanecer agora nos bastidores - e, bem entendido, nem ter sido visto nem achado na matéria -, é de facto o líder do PS mais inclinado a recorrer a uma larga coligação partidária.

Mas um manifesto  como o dos setenta dá que pensar. Um texto a exigir o fim da austeridade!. Justamente promovido por João Cravinho,  lembrar-se- ão, o mais imprudente promotor das PPP enquanto ministro de obras públicas problemáticas e de auto-estradas para nenhures. As famigeradas PPPs, esse inconcebível e gigantesco buraco por onde os recursos do país continuarão a escoar-se durante décadas de pesados sacrifícios de todos, com juros e amortizações esmagadoras!