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19 octobre 2012

Emigrantes

Que a emigração é um problema que deve preocupar os governantes de qualquer país ninguém duvidará. Porém, as lamúrias hoje vertidas aos microfones dos repórteres das TVs por um rapazola de 22 anos, enfermeiro de formação, um tal de Pedro  Marques, que da Portela de Sacavém, em conjunto com outros jovens enfermeiros e enfermeiras, partia para o Reino Unido, confortado, como os companheiros, com um contrato de trabalho - a sua primeira experiência profissional-, contrato que lhe garante firme uma remuneração mensal de 2.200 euros, isto sem contar as previsíveis e esperadas horas suplementares, são lamúrias, de facto, que dão muito que pensar.

Lamúrias e ranger de dentes que, aliás, o dito nóvel emigrante tivera o mau gosto de endereçar por escrito, nada mais nada menos que ao Presidente da República! 

Não terá o principal magistrado da nação, neste preciso e inquietatnte momento que Portugal atravessa, nada mais em que pensar ou fazer que debruçar-se sobre a amargura do rapazola choramingas? Debruçar-se sobre o rosto macilento e enxugar-lhe com palavras doces e outros mimos as lágrimas que se lhe soltam, torrenciais, das órbitas aturdidas e desreguladas por tamanho drama.

Dá que pensar a hipócrita lamechice. Apenas um truque do enfermeiro e rapazola para entrar na fronda esquerdista e chamar a atenção da imprensa audiovisual e escrita.

Esta, a imprensa, sim, anda deveras desorbitada e cúmplice de um processo de desestabilização política do país que nos pode custar caro, muitíssimo caro, ao prestar atenção e dar relevo a esta ou aquela arruaça, a este ou aquele ajuntamento, e mesmo ao faduncho do emigrante de emprego garantido e salário apetecível... salário mensal que a maior parte dos portugueses jamais alcançará nem a meio da  carreira nem no seu termo!

O rapaz que o Estado português formou a custos irisórios para o próprio interessado, na sua óptica e decerto na dos seus paisinhos, deveria no final garantir-lhe ainda emprego seguro e bom salário! Haja ou não haja necessidade do seu trabalho, esteja ou não esteja o país a abarrotar de enfermeiros e curandeiros.

E dirão o mesmo os artistas plásticos e os dançarinos, estes e aqueles, advogados e médicos, arquitectos, engenheiros e pedreiros, amoladores de facas e tocadores de oboé...todos aqueles que, na devida altura, não cuidaram minimamente em sondar as necessidades do mercado português de trabalho. Coisa desprezível.

Que o Estado tem sido imprudente e até culpado na sua política educativa e no empolamento desmedido de certos sectores profissionais, é um facto. Mas isso em nada exime cada qual de assumir a responsabilidade das suas vidas. Muitos e muitos milhões de portugueses, como europeus e gentes de todos os continentes, a seu tempo, assim o entenderam, assumiram, e partiram. Partiram para as áfricas, as franças e brasis, milhões sem qulquer contrato, por vezes sem um tostão sequer na algibeira, na sua frágil patera partiram em busca de um posto de trabalho, algures na outra margem, sem contrato e tantas vezes sem passaporte ou amigos à espera, e venceram.

E para encerrar o enjoativo episódio pergunta-se: o que dirão os desempregados,as centenas e centenas de milhar de portugueses sem trabalho, há meses, outros há um dois e mais anos, perante o despropósito da Madalena choramingas? tivessem eles a oportunidade de emigrar não exultariam, não ensaiariam antes no aeroporto passos de dança e lançariam foguetes, acaso alguém apenas lhes acenasse com uma simples ocupação fosse qual fosse a retribuição monetária que iriam auferir e o país de destino? 

Há que ter paciência com estes encenadores de telejornais e redactores principais da imprensa escrita que já não sabem onde ir buscar uma lágrima, um grito ou um suspiro, uma teta ao leu, um traque extraviado, para comporem o seu dramalhão quotidiano  e fazerem trepar as audiências.

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