Géneros
Os prosélitos da "ideologia de género", obcecados pela ordem simbólica "politicamente correcta", detectam umas pinceladas rosa num livrinho destinado às meninas de baixa infância, e umas pinceladas azuis nos livros destinados aos meninos da mesma faixa etária, e logo começa o berreiro. Para proclamarem a sua inteligência, para instruirem a populaça e amedrontarem a editora que lançou no mercado esses textos. Esta, temerosa de mortíferas represálias contra os seus interesses e negócios, logo meteu a viola no saco. Fez marcha atrás e cedeu em toda a linha ao policiamento dos esbirros elegêbêtês, aderentes e amigos idiotas úteis.
Dizem eles, ou vociferam, que são livros sexistas e que descriminam negativamente a miudagem pois insinuam uma distinção efectiva entre um e outro sexo. Ou seja, uma ordem biológica natural que odeiam de morte.
Então, dizem eles, não somos todinhos tirados a papel químico na lotaria darwiniana da evolução das espécies? E não são as diferenças libidinais senão fruto de uma deliberada "construção social", ou seja, inculcada e tutelada pelo machismo patriarcal que distingue e ordena os papéis sociais e afectivos, que inventa uma condição feminina e uma outra masculina, uma ficcional distinção entre mulheres e homens?
Somos todos homoeróticos de raiz, proclamam aos quatro ventos! Embora ignorando essa horizontalidade sexo-afectiva, esclarece a uivante alcateia.
Pelo que, não deveriamos partilhar entre todos o instinto desregulado de certas franjas hiperminoritárias da população e assim facilitar o alargamento do território de caça homoerótica para além das Desertas e Selvagens? Um paraíso para os seus instintos, uma humanidade sem linhas de demarcação biológica. Um oceano sem fim desprovido de machos e fêmeas. Apenas habitado por máquinas humanóides assexuadas, polivalentes e promíscuas.