Atacar a corrupção

Atacar a sério a corrupção assusta, naturalmente, os corruptos instalados nos gabinetes do poder e afins. Por isso, quando se propõe uma lei que venha recompensar um arrependido, aligeirando-lhe a pena em troca de informações sólidas relativas às redes mafiosas em que participou, logo surge uma catadupa de almas superdemocráticas, umas virgens da legalidade metafísica aos gritos e a intoxicar a opinião. E logo nos azucrinam com um aquidelrei que está aí a chegar o justicialismo, está aí a espreitar o nefando populismo... Ou seja, a instalada rede de mafiosos teme, naturalmente, vir a ser apanhada nas malhas da justiça.

E, por sua vez, aos advogados destes malfeitores não lhes interessa que um processo possa rapidamente ser esclarecido. O que lhes interessa é dilatar anos a fio a tarefa de obstruir e vilipendiar a justiça, branquearem despudoradamente os seus constituintes em tudo o que é microfone ou ecrãn. E assim, anos a fio, uma eternidade, conservarem viva e bem viva a galinha dos ovos de ouro. Que na algibeira destes mafiosos ovos de ouro não faltam...

Os sócrates e salgados deste mundo, é claro, escudados numa armada de especialistas em fraudes cientificamente elaboradas, e leis que os próprios encomendaram a ignaros e pagos legisladores, fogem como o diabo da cruz da obrigação de provarem a origem dos seus suspeitos rendimentos e suspeitissimas fortunas, Dinheiros públicos ao abrigo, soterrados e aferrolhados nas caixas fortes dos mais seguros paraísos fiscais. Somos assim, nós, os espoliados, isto é o Estado que nos representa via tribunais, a ter que deslindar a trama e pagar a factura. Banditagem..