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15 juin 2016

Islamismo ou patologia narcísica?

Rui Ramos, inteligente cronista do Observador, todavia, como muitas boas almas, uma avestruz liberal politicamente correcta, ao analisar o aceso e irredimível contencioso que opõe o imperialismo pós-colonial e os países islâmicos, desvaloriza a imigração muçulmana que vai crescendo torrencialmente pela Europa e o Ocidente. E assim, minimiza os efeitos ideológico-políticos inerentes a  essa massiva presença, sobretudo nos países ocidentais mais evoluídos, de enormes, ingentes massas juvenis desenraizadas, massas ávidas de protagonismo jihadista e a transbordarem de ressentimento sócio-histórico. Multidões em chamas - alguns milhares de activistas são já uma armada -, acumulando-se em torno das grandes capitais, lá onde os motins, as revoltas e massacres geralmente ocorrem e onde se decide o rumo de um país, de uma civilização e até o evoluir da história do mundo.

E daí, Ramos, incapaz de imaginar uma ordem ocidental autosuficiente em mão de obra de baixa qualificação, em busca de uma explicação, privilegiar os aspectos psicológicos inerentes a um excesso de juvenil adrenalina matizada do narcisismo patológico que as múltiplas redes internéticas extraordinariamente potenciam. Sistema comunicacional induzindo uma fácil e ilusória identificação do ressentido, do marginal sócio-cultural, com as façanhas e heroismo dos triunfantes ídolos e irmãos de confissão ou melhor de tez, de língua materna, de história e cultura, lá longe na linha da frente nos areais do Médio Oriente ou nas adustas escarpas das cordilheiras afegano-paquistânicas.

Por isso, conclui ele, "a Al-Qaeda deixou de ser cool quando Bin Laden foi morto. Porque o jihadi cool só funciona com carrascos impunes na brutalidade com que, de bandana e cartucheira, desafiam todos os poderes e passam todos os limites. No Médio Oriente, segundo uma sondagem recente, a simpatia juvenil pelo Estado Islâmico – sempre minoritária — diminui. Por horror aos seus crimes? Certamente, mas também por horror aos seus insucessos no campo de batalha. A derrota estraga todas as marcas."

A tese não é de todo descabida. Omite, no entanto, o fundamental: estes mecanismos psicológicos, praticamente, apenas se manifestam em indivíduos cuja cultura ocidental é um manto periférico, um incómodo traje espúrio e largo. O que de facto flui nas suas veias e molda a mentalidade de base são antes os arquétipos e os ódios ancestrais. É a torrente antiquíssima e profunda de um rancor traduzido no ideal e na prática da clássica injunção de morte ao cristão. E à abolição pela força e a violência mais brutal e expedita dos valores que caracterizam o Ocidente. Valores que na ecúmena lhe asseguraram a gigantesca supremacia técnica e civilizacional, uma vantagem que estes exércitos de desenraizados abominam e pretendem aniquilar. 

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