MST E CFA, ou a caviarissima "esquerda"

Sentados há várias décadas à farta mesa balsemânica (jornal Expresso e SIC), távola prestigiante e com abundante soma de acepipes, carnes e peixe fino, bons perfumes, delicada cigarrette e gordo charuto havanês, como provedora de exóticas viagens e genuinos bourbons e mais champanhes, um e outro, Miguel Sousa Tavares e Clara Ferreira Alves, são dois conhecidos paladinos, dois eminentes baluartes - julgam-no eles e proclamam-no -  da esquerda nacional. Ou seja, todo o seu esforço cívico, intelectual e passional está intimamente associado à luta dos assalariados mais pobres, dos indigentes, pedintes e perseguidos e, assim, aos projectos igualitários do explorado e humilhado povo que tanto amam.

Dito isto, quanto a MST ainda algo se aproveita da sua diversa e volumosa actividade jornalística. Assim, no passado sábado, consultou fontes bem informadas e soube resumir com oportunidade e sageza a actual conjuntura da Ucrânia e as razões que assistem à Rússia em tão sensível matéria. Já quanto à Grécia aí, MST deixou-se arrastar para os devaneios ideológicos dos quadrantes que pretendem fruir a vida à moda socialista, embora à custa dos trabalhadores e países que pagam as favas e as canseiras da lógica do trabalho capitalista. Enfim...

 Já quanto a CFA, a pernóstica, empertigada e sabichona tertuliana do EIxo do Mal, pouco ou nada se aproveita. E esta, com MST, partilha o gosto pelo mais imponderado e soez insulto ad hominem, porém capazes, um e outro, de um untuoso respeito e dorida mágoa pelas sevícias monstruosas de que é vítima o sr. eng.º J. Sócrates ora recluso na penitenciária de Évora. 

No tocante à soltura de língua, lembram-se o leitores como o dr. MST, do alto da sua autoridade moral de jurista e homem de letras, chamou "palhaço" ao actual presidente da República. Eleito pelos portugueses para simbolizar uma pátria com lugar cativo na história de meio mundo. E como, por seu lado, a srª D.ª Clara Alves ao mesmo presidente qualificou de "saloio" entre outros perspicazes qualificativos. É certo que Miguel, o indefectível hagiógrafo de excelente senhor Jorge Pinto da Costa, o rei da frutaria de alterne, levado e muito bem ao banco dos réus, meteu o rabo entre as pernas, tergiversou, compôs o semblante no modo de arrependido e lá se safou do justo castigo. Já a sapiente senhora não passará por semelhante prova e vexame. Dada a qualidade feminil e o baixo crédito social e político de que é credora, a presidência não irá incomodá-la.

 Viva pois a liberdade irrestrita de ofensa e insulto lá donde, rádio,Tv, jornais e outras ágoras, o energúmeno pode alcançar o mais amplo raio de leitores e ouvintes-espectadores.

Estes dois lídimos militantes da esquerda que tanto gostam do povo, quer o povo da região saloia, quer do "campo" em geral e da "Província", não se identificam, é claro, nem com os provincianos nem com os saloios. Que horror um presidente que não se rende ao calor do sinapismo sirysíaco, ou às birras e amores socratistas do clã Soares e, em selecta recepção belenense, nem boquinhas ensaia ao bebericar um gole de porto, nem vigia ao milímetro o arco labial ao saborear a sua fatia de bolo inglês. Que horror, vitupera a Ferreira Alves!

 Ora não valeria antes que interrogassem o presidente, isso sim, sobre as colossais falcatruas dos seus amigos do BPN e de toda a tropa fandanga do BES, com Ricardo Salgado à cabeça, este último um banqueiro de topo e que M.º Soares e Miguel S Tavares, desveladamente, tanto prezam, e de que a CFA também não desdenharia partilhar um scone?...