Caminha, autárquicas, centralismos

Sobre a mesa, a ideologia centralista assenta a sua mão pesada: niet ! Nada de coligações, decreta a Mesa do Bloco, lá do topo da pirâmide, anulando espúrias alianças locais vistas como passarelas de trânsito interpartidário ou/e espaços de ameaçadoras heterodoxias.Sacrificando pois, ao nível municipal, os interesses dos cidadãos eleitores que gostariam de experimentar outras formas de governação autárquica. E tudo para os órfãos de Louçã e seguidores de Semedo e Catarina, em nome de princípios irrelevantes para este âmbito muito limitado da vida pública mas sempre de forte identidade étnico-sócio-cultural.

No caso do município caminhense ficam pois fortemente reduzidas as probabilidades de interrupção do domínio da força política que, há mais de uma década, vem muito mal gerindo os seus destinos. Gestão levada a cabo com a transparência de uma lente de contemplar eclipses do Sol ao meio-dia e a utilidade cívica de uma empresa pública de variedades de terceira linha.

Assim, depois de o PC ter decretado a sua indisponibilidade para ratificar, à esquerda, tais alianças, é o BE a seguir-lhe o exemplo. Ora, dizemos nós, não seria finalmente a hora de ver pelo menos uma coligação entre bloquistas e representantes do PS disputar com sucesso a liderança do concelho? Militantes ou simpatizantes do PS, isentos, naturalmente, de suspeita de qualquer actual conluio com o socratismo em vias de levantar cabeça, nem passadas posições de seguidismo acéfalo e idolatra relativamente ao antigo "engenheiro" da Câmara da Covilhã, ora cosmopolita estudante de Sciences Po.

Não seria pois a hora de um PS desconjuntado, incaracterístico e frágil, minimizando os desvarios colectivizadores e o inclusivismo globalista à outrance do bloquismo, poder oferecer à autarquia uma nova, dinâmica e ganhadora solução governativa?