Obama?

Apesar da cerrada disputa entre os dois candidatos à presidência norte-americana,  a natureza do sistema eleitoral irá muito provavelmente permitir a recondução do actual presidente. 

Há quatro anos, Obama, fogoso militante de uma espécie de negritude mesclada de todas as cores e fantasias, surgia como uma incógnita. Uma incógnita para muitos ameaçadora, messianicamente insuflada pelas esperanças e ressentimentos de um amplo conglomerado de minorias.

Hoje, na véspera do dia D eleitoral, após os sempre difíceis anos de exercício da mais complexa magistratura do planeta, a hiperpotência e o seu presidente, confrontam-se com nitidez e perplexidade ao processo de um inexorável declínio.

Desfeita a utopia social que o havia projectado à Casa Branca, concretizados contudo, parcialmente, alguns dos desafios anunciados, B. Obama oferece aos eleitores e ao mundo uma imagem de sensatez e previsibilidade. A  imagem serena de um homem prudente. Um político capaz de mobilizar os seus apoiantes e a simpatia de muitos países e povos, todavia consciente dos limites do idealismo social agora reduzido à expressão mínima.

Resta saber se a América e o Ocidente, e de algum modo o mundo, para a liderança da mais vasta disputa entre áreas e potências económico-militares, para a gestão da guerra e da paz, terão doravante à sua frente o líder e juiz ideal.