Operação Monte Branco

Outro caso de alta criminalidade económica - o processo de privatização da REN e da EDP-, envolvendo a grande banca, políticos da área do Centrão e o sempre presente nestas redes de corrupção, Domingos Duarte Lima. Ex-líder da bancada do PSD na Assembleia da República, está agora o arguido de outros vários crimes, retirado e de pulseira prisional na canela, na sua mansão de Lisboa. A dar já entrevistas aos jornais e sobretudo às revistas de maior projecção, é claro, para sacudir a água do capote e ir construindo a seráfica imagem de vítima da sorte e vítima dos inimigos de aquém e de além-mar, sobretudo destes últimos que lhe seguiram os passos em Sequarama. E ainda, nesse remanso de paz, a gerir com tranquilidade os seus frutuosos negócios. E, em particular, a tirar proveito do conhecimento das ilicitudes e demais falcatruas, esse estendal de maçãs podres que cobre os telhados de muita gente superiormente colocada nas empresas e nos partidos, e assim o notório arguido e em prisão preventiva a recuperar apoios e amizades. 

Mas alguém estará iludido ao ponto de imaginar que desta, "operação Monte Branco" é que é, que a gentalha corrupta que tem dizimado a riqueza pública vai ser definitivamente apontada a dedo, julgada e extirpada da vida pública cumprindo as penas que os seus actos justificam?

Vejam o que hoje diz o Correio da Manhã sobre os catorze milhões de lucro do também pulseirado Oliveira e Costa, outro politico amigo deste mesmo Lima. A autonomia dos juízes em Portugal ainda possui alguns espaços de autonomia, permitindo que alguns, os mais honestos e corajosos, accionem estes processos. Mas depressa os visados e as instituições onde manobram vão meter na ordem o juiz atrevido, afastá-lo do processo e no seu lugar colocarem um juiz fantoche, um camarada de partido, um biltre saído das redes secretas que inquinam o sistema político nacional e este paraíso jurídico para delinquentes da alta roda.