A Espanha e o abismo da bancarrota

Sobre a incerta monarquia espanhola adensam-se as maiores ameaças.

Uma Europa incrédula, reticente e decidida a não tolerar mais os disparates sem fim de anos e anos de despilfarro e insânia colectiva e moral, e daí - exausta a sua longa paciência e os saldos das economias do Norte a encurtarem -, pronta a largar a Espanha e deixá-la a atolar-se nos seus delírios de grandeza.

Uma Coroa periclitante. Um governo incapaz de obter o consenso nacional em torno de inelutáveis políticas restritivas. Uma esquerda demagógica e cega a agitar as ruas. Incapaz, mais que nenhuma outra formação político-ideológica, de reconhecer os erros descomunais e a corrupção que fomentou  em décadas e décadas de desastrosa governação. E ainda o insaciável, absurdo e carnavalesco sistema autonómico, com 17 Joões Jardins - quer de esquerda, quer de direita - ( com os inenarráveis governos das regiões valenciana e andaluza no topo do gasto e da imprevidência), todos tão bacocamente ineptos e gastadores, aliás, a exemplo e sob a pressão permanente das suas dependentes e incontáveis "elites político-culturais". Não falando sequer, por outra parte, do universo empresarial, alojado em pleno coração do sistema (as famigeradas parcerias público-privadas), identicamente corrupto e sempre a impor predadoras fantasias de grandeza. E, como seria de esperar, em escala faraónica.

Uns e outros, eleitos e eleitores subsidiodependentes, ávidos de recursos fáceis, de derrapagens mafiosas nos orçamentos das obras públicas, de improdutivos empregos e prebendas. Sem capacidade própria de produção de riqueza nem vontade de a alcançar, resistindo agora em reformular vidas e comportamentos, lutando por prolongar ad infinitum os seus ilegítimos réditos  e incompreensíveis privilégios.

Enfim, uma sôfrega legião de serviçais directos ou indirectos do programa de destruição dos valores  e da ética social que barrava o caminho ao capitalismo mais desavergonhado que por lá vai ganhando terreno desde o período gonzalo-filipista, bem como se opunha às soluções totalitárias de tipo colectivista. Programa, de que o zapateirismo levou ao seu zénite, com a ajuda dos inocentes e mafiosos burlões de todos os quadrantes ideológicos. Para impor assim a sua mafiosa sociedade do espectáculo-botellon consumista, e promover a desarticulação das estruturas que davam coerência mínima ao tecido social.

Novamente ainda vemos na rua a "movida" da seita almodovarista a reclamar benesses ao Estado, e o seu hipermilionário guru sempre presente lá onde pressente espectáculo e publicidade.