Juan Carlos

Nestes dias amargos post-venatórios, e nas bocas do mundo por boas razões para ele, contudo más para o trono donde tutela a monarquia, se alguém, o combalido soberano das Espanhas, gostaria neste momento crítico de agraciar com uma elevada distinção honorífica, e decerto in petto já o fez, imagine-se quem seria? Pois bem, um rapazola português,de nome Cristiano.

Pelo menos é o que deduzimos da crónica de Raúl del Pozo, no El Mundo. É que, o periodista, para evocar as façanhas do dito Cristiano e dos seus outros compatriotas (Mou, Coentrao, etc),no relvado do inimigo barcelonês,citou nada mais nada menos que Os Lusíadas, e assim: "De vencer os trabalhos e os perigos...descobrindo os mares inimigos",os versos da epopeia camoneana que Juan Carlos teria memorizado nos tempos juvenis no seu velho colégio Amor de Deus do Estoril.

Em suma, com o golo mortífero que introduziu na baliza adversária, acabou Cristiano de levar certamente uns milhares de madrilistas às livrarias da Gran Vía, à procura desse Camoens, desse zarolho autor de tão gostosos versos. Se virem alguém a descer para Cibelles, com o volume do pelicano estampado na capa, bico para a esquerda ou para a direita, já sabem, é leitor de Del Pozo e tem lugarcativo no Santiago Bernabeu.