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11 janvier 2012

Poder, influência, dinheiro

No Público, 7 de Janeiro de 2012, escreveu José Pacheco Pereira, historiador e militante do PSD:

"Por cá, a pro­tec­ção ma­çó­ni­ca, a dis­cri­ção e o se­gre­do que a co­brem aca­ba­rão por se gas­tar, co­mo es­tá a acon­te­cer por es­tes di­as [...]  todos os que ia conhecendo a entrar na Maçonaria, nos meios políticos, económicos e da comunicação social, pareciam atraídos por uma coisa muito diferente: poder, influência e dinheiro, por esta ordem ou por outra ordem muito semelhante. Na verdade, no Parlamento, nas “jotas”, nos jovens quadros partidários, nos quadros do aparelho partidário, eram os especialistas no controlo do poder interno, envolvidos muitos deles em tráfico de influência ao nível das autarquias, dos partidos e da governação, e subindo na carreira através de sindicatos de votos e de trade off de favores e lugares, ou seja, nos mais ambiciosos profissionais partidários, que eu via de repente aparecerem numa loja maçónica qualquer. Porquê? Porquê? A resposta só podia ser porque isso lhes potenciava a carreira, a ascensão social com novos conhecimentos e novas relações de entreajuda oriundas da sua filiação maçónica. Há excepções, mas são mesmo excepções. que leva A. e B. e C. a serem mações? O que leva gente dependurada em gadgets, e modernaça, a esse mundo anacrónico da maçonaria? Da maçonaria conhecem muito pouco e parece-me pouco provável que tenham o ritual como coisa para levar a sério, embora não ignore que a própria estranheza litúrgica do rito seja dadora de identidade. A linguagem maçónica que usam não pode ser mais elaborada do que a linguagem que usam na política, uma mistura de SMS, Twitter e “politiquês”. Quanto aos “bons costumes”, estamos conversados, porque nem o mais ingénuo e benévolo observador pode considerar que a lista dos mações-políticos desta nova geração tenham dado alguma vez alguma prova pública de corresponderem aos critérios formais da maçonaria. Na verdade, quer a sua formação intelectual apressada, quer os maus hábitos da sua actividade partidária, quer os seus escassos interesses culturais, não apontam, nem de perto nem de longe, para uma instituição proto-religiosa, que assenta numa filosofia sobre a ordem do universo, numa história simbólica e iniciática e numa exigência ética e de solidariedade, associada a outros tempos e outras práticas. É suposto haver alguma espessura, e eles são flat. Por isso tenho a maior das dificuldades em tomá-los a sério de avental, luvas e colar, mas a maior das facilidades em perceber aquilo que eles esperam dessa irmandade ocasional. Se ser eremita no deserto da Judeia, viver em cima de uma coluna e olhar um dia inteiro para uma caveira lhes desse um lugar de secretário de Estado, deputado, presidente de uma distrital, chefe de gabinete, assessor num Governo, ou membro de uma administração municipal, ou qualquer outro lugar de poder, dinheiro ou influência, eles também lá estariam nus a subir à coluna com uma caveira de plástico comprada no Toys’r’us. Pelo mais curto período de tempo necessário, como é evidente.[...] Também por cá a protecção maçónica, a discrição e o segredo que a cobrem acabarão por se gastar, como está a acontecer por estes dias. No fundo, isto é Portugal e em Portugal nunca há segredos que durem muito. E pode ser que o Supremo Arquitecto também abata os seus falsos pedreiros. Pode ser, não é certo, mas pode ser."

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